18 de outubro de 2014

6 Observações sobre A Torre Acima do Véu, de Roberta Spindler



Tenho que dizer que fiquei agradavelmente surpresa com a leitura de "A Torre Acima do Véu", da autora paraense Roberta Spindler - que conheci na Bienal do Livro de SP deste ano (e uma whovian também!). Comecei a leitura e fiquei grudada na narrativa, e só não devorei o livro com rapidez porque as responsabilidades (chatas e tediosas) da vida adulta me roubaram o tempo. Mas vamos à lista, que é mais interessante que as minhas reclamações - hehe!

1- Distopia nacional, minha gente! Fui com um pézinho atrás, com certo receio devido à moda de distopias dos últimos tempos e com medo de encontrar um "mais do mesmo". Não é o que acontece aqui. Além de fugir um pouco do "americanicismo" que vemos tanto em distopias atuais, a autora dá uma roupagem nova a este mundo pós-apocalipse, principalmente por situar o enredo aqui na América do Sul, na megacidade Rio-Aires, em que há a constante mistura entre português e espanhol.

2- A narrativa já te pega de jeito no prólogo. O desespero causado pela misteriosa névoa e acompanhar a vida difícil dos que sobreviveram e tiveram que se refugir no alto dos prédios é claustrofóbico e sempre tenso, principalmente por causa dos assim chamados "sombras", pessoas que foram afetados pela névoa e já não se parecem mais com seres humanos normais. E saber o que são os tais "sombras", afinal, é uma das sacadas mais legais no livro.

3- Ainda sobre a narrativa: não há excessos. Não são só cenas de ação ou só drama ou só diálogos. É tudo muito bem balanceado, na medida, sem nada que seja desnecessário ao andamento do plot.

4- Os personagens são ótimos. Adoro a Beca, a protagonista, com toda a sua impulsividade e compaixão; adoro todas as nuances do Rato; adoro nunca saber o que esperar do Emir. São personagens bem montados e que agem como pessoas normais, com suas imperfeições e complexidades. E o melhor de tudo: sem ter uma infinidade de descrições sobre o quanto são belos e perfeitos. O universo criado por Roberta é imperfeito, quebrado, doente - e seus habitantes são sobreviventes, arriscando tudo por uma vida decente.


Fanart de Beca, protagonista de A Torre Acima do Véu
Fanart de Rato - só o meu personagem favorito do livro

5- O universo criado é todo muito coerente. O fato de Beca ter habilidades especiais tem uma explicação muito boa, já que ela não é a única a ser assim. Toda uma geração nascida após o surgimento do véu acabou sendo afetada por sua influência e suas habilidades manifestaram-se nas mais diferentes formas. É bom saber que ela não é "A Escolhida", somente alguém que acabou se envolvendo em algo maior do que ela e que precisa encontrar uma solução, utilizando os meios ao seu alcance para isso.

6- Fugiu do conceito de se ter um poder totalitarista que controle tudo e seja o grande vilão da história. Embora a Torre tenha controle sobre muitas coisas, inclusive sobre o que restou da boa tecnologia encontrada após o surgimento do véu e tenha encoberto fatos e escondido informações do restante da população, eles não são o antagonista aqui. Já é um alívio ler algo um pouco diferenciado, sem ter mais um "Grande Irmão".

No mais, é uma leitura altamente recomendada, podem ler sem medo! ;D

16 de outubro de 2014

[Livro] O silêncio do túmulo – Arnaldur Indridason


Livro: O silêncio do túmulo
Titulo Original: Grafarþögn
Autor: Arnaldur Indridason
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2011
Avaliação: 4/5
Sinopse:Um esqueleto, provavelmente datado da Segunda Guerra, é encontrado nas gélidas imediações de Reykjavík, Islândia. Enquanto um grupo de arqueólogos trata de removê-lo e analisá-lo, cabe ao inspetor Erlendur desencavar histórias escabrosas não resolvidas da região. Mas acontecimentos tão antigos são difíceis de ser retraçados, sobretudo quando nem todo mundo deseja lembrar-se deles. Quem afinal morava no chalé inacabado do alto da colina, e o que aconteceu lá? Pode um crime brutal ter ocorrido no quartel dos aliados, instalado naquele local durante a guerra? Será que a jovem mulher, comprometida com um homem bem-sucedido de uma tradicional família islandesa, jogou-se mesmo ao mar, sem motivo aparente? Essas não são, no entanto, as únicas questões que pairam sobre a cabeça do policial; sua filha, Eva Lind, com quem ele mantém uma relação distante, entrou em coma devido ao abuso de drogas. O acontecimento leva Erlendur a questionar toda a sua vida, bem como a rememorar um trauma de infância envolvendo o irmão e uma tempestade de neve. (fonte: Skoob)

Comentários:
Eu estava em busca de uma leitura diferente, algum elemento que fugisse um pouco do padrão, um autor novo, enfim, foi com esse sentimento que acabei me deparando com a leitura de O Silêncio do Túmulo, de Arnaldur Indridason.
Além de ser um escritor novo em meu repertório, também foge do padrão americano ou inglês, ele é islandês e em si traz características próprias de sua escrita.
O livro tratará de vários mistérios que ocorreram tempos atrás, uma criança acha ossos em uma área de recente expansão, o que leva os investigadores ao centro de um mistério, esse esqueleto pertence há uma época mais remota e talvez seja fruto de um crime. 
Com esses dados Arnaldur trará três investigadores para o caso: Erlendur, Elínborg e Sigurdur Óli. Uma das características dessa obra é que além do crime temos uma abordagem do que está acontecendo na vida dos investigadores. Erlendur, que nunca teve muito contato cm sua família, agora tenta ajudar a filha com graves problemas com drogas; Sigurdur Óli está com problemas de relacionamento com sua mulher, porém a vida de Elínborg, a única mulher da equipe, não é muito explorada. 
Gostei da forma como a investigação é levada durante a história, assumo que por ser um crime que seria pautado apenas em lembranças achei que o ritmo seria lento, mas fui surpreendida, pois durante a investigação descobrimos uma mulher que supostamente se jogou no mar e, além disso, acompanhamos a narrativa de uma família que é oprimida por um homem violento. Com todos esses aspectos é impossível saber o que realmente aconteceu, a narrativa dá voltas e voltas e fiquei sempre mudando de opinião sobre o que tinha acontecido, no fim tenho que dizer que gostei muito da resolução dada. 
Outro grande drama é a relação familiar de Erlendur, principalmente com sua filha, que revelou muitos aspectos do personagem e um tema que é complicado que envolve a distância de pais e filhos e o relacionamento durante e após uma separação. Adorei os dramas e conflitos internos desse personagem que é o mais rico da narrativa. 
Sobre o projeto editorial tenho duas observações, a primeira é que tive dificuldades de assimilar os nomes, por ser de origem islandesa, mas gostei de terem mantido na tradução, tornou a história mais real, mais local. Outra escolha da tradução foi manter as aspas nas falas quando normalmente o usado são os travessões, mas isso não alterou meu fluxo de leitura. 
Por fim quero dizer que a leitura me impressionou, fiquei envolvida na história e estou curiosa pelos outros livros que trazem Erlendur como personagem. 

4 de outubro de 2014

Listas Aleatórias: 10 Músicas para deixar um ex no recalque

Na música, é fácil encontrar canções para curtir dor de cotovelo. Falar de fossa é fácil, meus amigos, fácil demais. Mas e quando o contrário acontece? Quando o amor acaba, o relacionamento é rompido, mas tudo é superado mais facilmente - e você, vejam só!, acaba saindo por "cima da carne seca"?

O Listas Aleatórias dessa semana é dedicado aos desalmados (ou não!) que saíram de um relacionamento e deixaram o ex curtindo uma dorzinha de cotovelo. 

Porque provocar o recalque alheio também faz parte do processo.


1- Eu nunca te amei, idiota - Ana Carolina



2- Eu que não amo você - Engenheiros do Hawaii



3- 1º de Julho - Legião Urbana



4- Top Top - Cássia Eller


5- Meu Erro - Paralamas do Sucesso


6- Olhos nos olhos - Chico Buarque



7- Cry me a river - Justin Timberlake



8- Chorando se foi - Kaoma



9- Bye bye bye - N'Sync



10- Don't Stay - Linkin Park



Bônus: Mein Herr - Lisa Minelli