Livro: Renato Russo: O Filho da Revolução
Autor: Carlos Marcelo
Editora: Agir
Ano: 2012
Avaliação: 4,5/5
Sinopse: O livro, que teve apuração acuradíssima, traz muitas informações inéditas e interessantes sobre Renato Russo, líder da Legião Urbana e maior ídolo do rock brasileiro. A vivência do músico na capital controlada pelos militares é pela primeira vez reconstituída em detalhes. Letras inéditas e documentos descobertos pelo autor revelam aspectos pouco conhecidos da trajetória do artista: paixões, angústias, sonhos e confissões. A obra conta com mais de cem entrevistas, incluindo depoimentos de Dado Villa-Lobos, Dinho Ouro-Preto, Herbert Vianna, Millôr Fernandes, Ney Matogrosso, Tony Bellotto e vários amigos anônimos. Um retrato do artista multifacetado que foi Renato Russo. (Fonte: Skoob)
Comentários:
Renato Russo e Legião Urbana foram marcantes na minha adolescência - assim como para muitas pessoas da minha geração. Eu me via nas letras escritas pela Renato, sempre achei que elas representavam uma parte minha que nunca soube retratar. E como a típica adolescente dramática, nunca achei que encontraria alguém que me entendesse tão bem.
Namorei esse livro na loja durante meses, mas nunca tive a coragem de comprar (por causa do preço). Li trechos em visitas esporádicas a livrarias e me apaixonei de cara pelo modo como foi construído. Era o livro que precisava ler naquele momento, escrito de um jeito que me encantou logo nas primeiras páginas. E que pude ler depois de pegar emprestado com a Dani.
O que me chamou a atenção foi o autor ter feito toda uma ambientação do que era a Brasília da década de 70, recriando o contexto histórico de um país sob a ditadura militar e os primeiros anos de uma Brasília em busca da sua identidade.
É neste ambiente que Renato Manfredini Junior cresce, encontrando na arte o modo de expressar a angústia da sua geração. Intercalando com trechos da vida de Renato, o autor vai apresentando o contexto da época, falando também de outros artistas que foram importantes para a cena musical do momento - de Ney Matogrosso às primeiras bandas de punk em Brasília. E é uma delícia acompanhar a criação do Aborto Elétrico e a mistureba de bandas e formações que surgiram e terminaram com uma rapidez assustadora.
Já conhecia alguns fatos mostrados no livro, principalmente depois de ter assistido o filme "Somos tão Jovens", mas o livro é infinitamente mais detalhista, mostrando composições não tão conhecidas de Renato Russo, bem como mais coisas sobre a época do Legião Urbana. Carlos Marcelo nos apresenta um Renato angustiado, tentando buscar um sentido nas coisas, entender como o país chegou em tal ponto e que ninguém parece ver ou mudar. E em nenhum momento sendo extremamente idealizado - Renato Russo era problemático, com tendências depressivas e problemas sérios envolvendo álcool e drogas.
Como fã da banda foi uma experiência empolgante ler este livro. E se não ganhou nota máxima, foi por eu sentir falta de mais coisas sobre os últimos anos do Renato na Legião Urbana e o período que antecedeu a sua morte. Entendo que a proposta era mostrar os anos iniciais na sua carreira musical - mas fã que sou sempre vou querer mais.
Mas o livro é muito, muito bom. Mesmo para quem não gosta da banda, vale a pena a leitura só pela contextualização da época e representação de toda uma geração.