21 de novembro de 2013

[DDI] Encontro bookaholic

O post de hoje é apenas uma pequena história, um desabafo, um jogar palavras ao vento depois de um dia pesado de trabalho, sobre um pequeno momento do meu dia que me deixou particularmente satisfeita: A felicidade de reconhecer alguém de sua mesma “espécie”. 

Quando digo espécie quero dizer um bookaholic, um viciado em livros, alguém como eu e a maioria dos meus amigos. 
Hoje em meu horário de almoço fui em um daqueles restaurantes em que é preciso dividir a mesa com pessoas desconhecidas devido a falta de espaço (uma das representações diárias da hiperpopulação de SP) e ao meu lado sentou um menino, parecia ser tímido, não levantava a cabeça além do necessário para poder comer, mas o que me chamou a atenção foi outro detalhe, ele colocou ao lado da bandeja um livro (Trono de Fogo do Riordan) e enquanto começava a comer olhava para a capa do livro como se estivesse ponderando. Até que desistiu de resistir, abriu o livro e começou a ler enquanto almoçava, como se aquela parte importante da história não pudesse esperar um mero detalhe fútil de nossa constituição orgânica como comer para ser lida, e ele devorava as palavras com mais gosto do que a própria comida. Na verdade ele mal percebeu quando o conteúdo de seu prato acabou, continuou lendo. 

Ri com o canto dos lábios antes de ir embora pensando “guri, eu te entendo” quantas vezes eu mesmo não abri o livro no horário do almoço porque precisava desesperadamente saber o que iria acontecer, abdiquei de horas de sono, perdi o ponto do ônibus ou a estação do metrô, não vi que o celular estava tocando entre tantas outras coisas. Sei como é estar nesse mundo a parte, nesse mundo que muda de cenário a cada livro lido. 

Sai do restaurante e fui resolver outras coisas, enquanto estava voltando do almoço, como se o destino risse dos meus pensamentos, cruzei com o mesmo guri mais uma vez, e nas mãos além do livro que estava lendo ele carregava a sacola do sebo que tem perto do meu trabalho com mais pelo menos três e quase gargalhando pensei “é, eu realmente te entendo” afinal esse sebo já angariou uma boa parte do meu salário com esse pequeno vicio. 
Sim, é bom cruzar com amantes de livros ao acaso e saber que nos reconhecemos nesse mundo louco. 


DDI – Delírios, Devaneios e Insensatez - um espaço em que escrevo todos os pensamentos, delírios e devaneios que vêm a minha cabeça, o que é no mínimo uma insensatez. 

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