22 de fevereiro de 2014

[Teatro] Musical – A Madrinha Embriagada


Só as forças universais sabem o quanto penei para conseguir assistir essa peça, por ser um projeto cultural de exibição gratuita conseguir um lugar é uma luta, mas tenho que dizer que valeu cada mês de espera, A Madrinha Embriagada me surpreendeu e me encantou. 
Um Projeto do Sesi com Atelier de Cultura, é exibido quase todos os dias da semana e traz a adaptação e direção de Miguel Falabella (já estou começando a virar fã dos trabalhos do Falabella no teatro, é a segunda versão feita por ele que assisto, a primeira foi Cabaré, e as duas são sensacionais). 

A história é dividida em dois pontos de vista, um deles é o do Homem da Poltrona, um personagem sem nome que irá apresentar em seu apartamento o glamour e pompa dos musicais e teatro dos anos 20 em São Paulo, ele usa do artifício do vinil de uma peça para poder reviver aquele período, o outro ponto de vista é a própria peça que ele ouve. A Madrinha Embriagada, comédia musical que vai se desenvolvendo conforme o espetáculo continua. Os pontos de vista interagem e se unem, o apartamento do Homem da Poltrona é o fundo fixo enquanto os cenários do musical vão surgindo e interagindo com ele. O próprio personagem interage com o público e interfere na narrativa da peça, nos mostrando e explicando como era a versão feita nos anos 20, quem eram os autores da peça e seu desenvolvimento. 

Esse artifício usado por Falabella foi o que mais me encantou, a parte da Madrinha possui um desenvolvimento próprio, é a história de uma grande artista que irá se casar e largar sua carreira e a interação de todos ao seu redor, o produtor que não quer que seu casamento ocorra, a vedete Eva, o noivo e todos os outros que estão na mansão para o casamento, e o elemento principal, a madrinha da noiva, que está o tempo todo bêbada, mas tem grandes cenas.

A peça possui muitas músicas boas, cenas de dança e sapateado, porém o que me ganhou mesmo foi a interação entre os dois elementos da atuação. Assumo que senti uma identificação com o Homem da Poltrona, seu amor pelo musical, sua dedicação e suas reações interagindo com cenas coreografadas. A interação ainda maior, da vida cinza, parada e solitária do Homem com toda a alegria, movimento e agitação do musical é perfeita e está lindamente descrita em uma frase do Homem e que também está no panfleto da peça. 

“...ainda que o libretto seja previsível e estapafúrdio, as canções são lindas e A Madrinha Embriagada, ao meu ver, cumpre aquilo que se espera de uma comédia musical. Faz com que você esqueça pro algum tempo da dura realidade que nos espera lá fora.” 



2 comentários: