Só as forças universais sabem o quanto penei para conseguir assistir essa peça, por ser um projeto cultural de exibição gratuita conseguir um lugar é uma luta, mas tenho que dizer que valeu cada mês de espera, A Madrinha Embriagada me surpreendeu e me encantou.
Um Projeto do Sesi com Atelier de Cultura, é exibido quase todos os dias da semana e traz a adaptação e direção de Miguel Falabella (já estou começando a virar fã dos trabalhos do Falabella no teatro, é a segunda versão feita por ele que assisto, a primeira foi Cabaré, e as duas são sensacionais).
A história é dividida em dois pontos de vista, um deles é o do Homem da Poltrona, um personagem sem nome que irá apresentar em seu apartamento o glamour e pompa dos musicais e teatro dos anos 20 em São Paulo, ele usa do artifício do vinil de uma peça para poder reviver aquele período, o outro ponto de vista é a própria peça que ele ouve. A Madrinha Embriagada, comédia musical que vai se desenvolvendo conforme o espetáculo continua. Os pontos de vista interagem e se unem, o apartamento do Homem da Poltrona é o fundo fixo enquanto os cenários do musical vão surgindo e interagindo com ele. O próprio personagem interage com o público e interfere na narrativa da peça, nos mostrando e explicando como era a versão feita nos anos 20, quem eram os autores da peça e seu desenvolvimento.
Esse artifício usado por Falabella foi o que mais me encantou, a parte da Madrinha possui um desenvolvimento próprio, é a história de uma grande artista que irá se casar e largar sua carreira e a interação de todos ao seu redor, o produtor que não quer que seu casamento ocorra, a vedete Eva, o noivo e todos os outros que estão na mansão para o casamento, e o elemento principal, a madrinha da noiva, que está o tempo todo bêbada, mas tem grandes cenas.
A peça possui muitas músicas boas, cenas de dança e sapateado, porém o que me ganhou mesmo foi a interação entre os dois elementos da atuação. Assumo que senti uma identificação com o Homem da Poltrona, seu amor pelo musical, sua dedicação e suas reações interagindo com cenas coreografadas. A interação ainda maior, da vida cinza, parada e solitária do Homem com toda a alegria, movimento e agitação do musical é perfeita e está lindamente descrita em uma frase do Homem e que também está no panfleto da peça.
“...ainda que o libretto seja previsível e estapafúrdio, as canções são lindas e A Madrinha Embriagada, ao meu ver, cumpre aquilo que se espera de uma comédia musical. Faz com que você esqueça pro algum tempo da dura realidade que nos espera lá fora.”
amor define esse musical! <3
ResponderExcluirAmor e identificação rs <3
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