Olho para ela enquanto ela me encara. Reconheço esse olhar, sinto que o guardo ainda em alguma parte de mim, porém ele foi suplantando pela moderação das realidades que me tomaram. Ela não fala, eu também não, não precisamos. O tempo nos separa, mas nossos elos são maiores que dias, meses ou anos. Eu a renego, escondo, mas não posso negar que faz parte de mim, suas atitudes me deixaram marcas, tornaram-me o que sou, moldaram meus atos, e mesmo assim nos sentimos tão distantes.
Ela, coberta de preto, tênis, correntes na calça, lápis nos olhos e petulância na atitude apesar das dúvidas em seu olhar. Ela me olha.
Eu, jeans e uma blusa qualquer, as roupas não ditam mais quem eu sou, o rosto lavado, o silêncio é minha atitude e meu olhar cheio de escolhas. Eu a encaro.
Nossas mãos se tocam. Ela vê o futuro dos planos que sonhou e os caminhos que não pensou; eu vejo a inocência que perdi e o quanto a vida me moldou.
São apenas 10 anos entre nós e isso nos diferencia; ela me encara, eu a olho, mas no fim ambas fitamos um espelho.
DDI – Delírios, Devaneios e Insensatez - um espaço em que escrevo todos os pensamentos, delírios e devaneios que vêm a minha cabeça, o que é no mínimo uma insensatez.
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